quinta-feira, 12 de março de 2009

A Grande Utopia


Os primeiros raios solares entrando pela janela escancarada, atingindo de leve, com aquele sabor gostoso de um carinho, o rosto do “jovem” senhor. Ele abre os olhos de leve, ainda com aquela preguicinha do sono bem dormido.
Aquela água geladinha a atingir sua cabeça fazendo arrepiar todo o corpo, porém logo depois vinha a sensação gostosa de estar recendo uma enorme carga de energia.
O café quentinho a ficar pronto, perfumando toda a casa. Ele sempre ia de imediato seguir o cheiro do café, caminho esse que sempre o levava a um sorriso lindo, cheio de paz e alegria, fazendo com que se tornasse o dia mais especial de toda sua vida.
Passava pela porta e recebia aquele “ar limpador interno” como ele gostava de chamar, e o colírio matinal daquela paisagem a sua frente.
Uma boa caminhada era o que passa pela sua cabeça. Caminhada essa que sempre era interrompida pelos seus bons vizinhos, o que na verdade era a sua grande intenção nessa caminhada, desejar um dia muito especial a todos.
A sua floresta de alimentos era uma grande paixão. Era ali que ele se sentia parte desse mundo, onde tentava descobrir todos os mistérios que rondava sempre sua mente. Cada ser ali vivente era como um filho para ele. Amava aquela vida.
As árvores frutíferas sempre o presenteavam com seu fruto fresquinho. Melancia, manga, laranja, goiaba, acerola, maçã, era uma imensidão de prazeres. Passava toda a manhã a cuidar de seus amores.
Aquele feijão bem temperado, aquele arroz sequinho, com aquela saladinha acabada de sair do solo fresquinho e um franguinho caipira, criado ali mesmo, solto pela floresta. Um belo suco de maracujá era o acompanhamento naquele dia. Era mesmo um dia especial. E não se pode deixar de fora a famosa rapadura do Tio Belo.
De mãos dadas a andar pela pequena vila, sempre parando e conversando muito com todos, sabendo das peripécias de cada um, as histórias dos mais velhos, e também mais queridos, daquela pacata vila.
Até chegar ao lugar que limpava seu corpo e a sua alma, e ainda cuidava de esfriar a sua mente. Aquela água toda a cair ali a sua frente, aquele som gostoso, não demorava muito a sentir a pureza daquelas águas. Ficava por muito tempo a sentir a água atingir sua cabeça, tirando todas as impurezas do seu ser.
Sol a se despedir, o ventinho frio e gostoso começando a fazer um carinho no pé do ouvido.
A lua subia iluminando toda a noite, aquele ventinho friozinho a soprar, e ele na varanda a se deliciar com aquelas boas leituras. Olhava para frente e via aquele anjo a sua frente, agindo como se não tivesse ninguém ali, somente ela e aquelas folhas com traços horizontais, pontinho entre os rabiscos, e alguns traços ligando alguns dos pontos, pelo menos era assim que ele interpretava.
De mãos dadas e a lua a iluminar seus caminhos. Sempre tinham algo a fazer. Cineminha na praça, circo mais ali a frente, violinha no rio, partidinha de cartas ali com os amigos. Sempre tinham alguma desculpa para encontrar os grandes irmãos.
Ah!! Aquele cobertor a esquentar-lhes. Como se precisasse!! Aquele cheiro sempre gostoso a lhe invadir, aquela pele amaciando-o, aquele corpo esquentando-o, aqueles cabelos a entrar em sua boca, coisa que “odiava”, e que ela sempre fazia, só para ver aquele “biquinho divino”, como ela gostava de chamar. Era com certeza a noite mais especial de todas.
Começava sempre a pensar:
“Eu sou o homem mais feliz do mundo, não a nada que deseje, não a nada que precise, apenas fazer com que todos os dias sejam como o de hoje!!”
Era sempre assim!!