terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Mais um brilho noturno!



Era noite, coisa que já lhe agradava o suficiente para ficar perdido na infinitude de sua mente, mas aquela noite tinha um ar especial, além de enigmática, obscura, cheia de mistérios, revelando e encobrindo segredos, como toda noite já era em seu mundo. Mas essa noite tinha um brilho diferente, não sabia ainda o que era, apenas estava intrigado com a maestria que seus sentidos detectavam.
Ele estava a caminhar numa rua que raramente passa a noite. Estava a chegar de uma cansativa viagem, exausto, mochila pesada as costas, a suave brisa fresca que batia aquela em seu corpo. Pensou ele, “Talvez seja apenas minha mente que esteja cansada, não deve ser nada demais”.
Então, como se fosse para testar apareceu uma voz o chamando-o. Dizia aquela voz que lhe deixaria em casa, logo ele reconheceu o amigo de velhas datas oferecendo-lhe uma carona. Parece que na cabeça da maioria seria óbvio aceitar aquele convite que viria a calhar numa hora daquelas, porém aquela mente estava já a fervilhar com aquele mistério que pairava naquela noite.
Não resistiu. Teve que recusar aquela oferta. Apesar de suas pernas estarem quase que o empurrando para dentro do carro, ele foi valente, e disse que precisava caminhar um pouco. Logo ele estava ali no centro da cidade mais uma vez perdido em meio a sua vastidão.
Logo ele olhou pro céu. “Deve estar fervilhando de tanta estrela que está a brilhar em meio a essa obscuridade”. Maravilhou-se. Nem as luzes da cidade estavam conseguindo impedir o brilho fantástico daquela imensa constelação.
Aliviou-se, sabia agora que tinha tomado a decisão certa em ficar ali a caminhar, perdido, sozinho, em meio aquela multidão de estrelas a observá-lo.
Mas algo ainda o incomodava, talvez teria apenas desvendado parte do mistério que aquela noite havia preparado para ele.
De repente teve a sua resposta.
Vinha ele totalmente perdido, longe, deixando sua visão como o sentido menos utilizado. Amava fazer isso. Dizia ele que a visão fazia com que esquecemos de perceber as grandes maravilhas que os seus outros cinco sentidos poderiam lhe presentear, por ser a mais fácil de utilizar.
Porém foi essa mesma visão que detectou em sua frente uma figura um tanto quanto intrigante. Vinha ela com um andar diferente. Estava meio que cambaleado. Tinha os cabelos lisos meio encaracolados a dançar em frente ao seu rosto, ofuscando-o.
Ao se aproximar mais um pouco, percebeu que ela estava a rir e a brincar. Pensou em tentar entender como que ela estava tão maravilhada. Sentiu aquela gargalhada a invadir todo o seu ser. Que sensação deliciosa era aquela? Ficou a se questionar.
Como num passe de mágica, seu cabelo aquietou-se, foi quando os olhares se encontraram. Teve a impressão de reconhecê-la. Teve certeza quando veio a sua mente a lembrança daquela voz deliciosa que o encantou em outros dias. Também já havia cruzado com a ternura daquele olhar. Já tinha recebido aquela energia antes.
Não conseguia desviar o olhar do dela. Como se alguma coisa atraísse e prendesse, amarrasse, aqueles olhares não se separavam. Caminhavam, passavam um ao lado do outro, sem que mudasse nada, sem que ele ao menos soubesse para onde estava indo. Nem queria saber. Havia esquecido de tudo. Tudo paralisava.
Não se sabe ao certo como. Sabe-se apenas que até estarem lado a lado, aqueles olhares não se desviaram.
Após ter passado por ela, voltou-se novamente ao seu mundo. “O que foi isso tudo?” Indagava-se. Olhou para traz, tinha que se certificar que aquilo havia acontecido. Havia sim, e para enlouquecê-lo mais um pouco, surpreendeu-se quando ela também olhou para traz. Agora ele deliciou aquele rosto, lembrando da voz que o hipnotizara mais de uma vez.
Não se sabe quem, apenas olharam para frente e continuaram seus caminhos.
Foi para casa radiando alegria, emoção, energia, estava pular por dentro, não sabia o que havia ocorrido, estava bestificado, meio que não acreditava.
Como se fosse possível, ele estava ainda mais encantado com a noite. A sua companheira de confidências, ela que tanto o aconselhava, preparou mais uma de suas peripécias. Amava-a!

Um comentário:

Sr.Farsante disse...

É impressionante como existem pessoas que a gente gosta sem nem ao menos conhecer direito.
É como uma sincronia de espiritos, mas no seu caso parece que seu coração ajudou um pouco né???
isso é coisa de vidas passadas.

pois é meu caro amigo que agora mora longe, uma noite que nem as luzes da cidade conseguem esconder o brilho das estrelas so pode estar reservando algo muito especial mesmo.

PS: uma noite digna de chapada né???